Nunes se diz surpreso com o 'sumiço' do 'fluxo' da Cracolândia e acredita que operação na Favela do Moinho bloqueou fornecimento de drogas
13/05/2025
(Foto: Reprodução) Usuários ficavam confinados em uma área formada pela Rua dos Protestantes e a Rua dos Gusmões, cercadas por gradis e atrás de um muro. Nesta terça-feira (13), não havia ninguém. ONG fala em truculência. Prefeito ficou surpreso com a queda do fluxo da Cracolândia
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou nesta terça-feira (13) estar surpreso com a queda vertiginosa dos usuários de drogas na Rua dos Protestantes, na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo.
O "fluxo" ficava confinado em uma área formada pela Rua dos Protestantes e a Rua dos Gusmões, cercadas por gradis e atrás de um muro, de cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, construído pela prefeitura. Na época, a Defensoria Pública classificou o espaço como "curral humano".
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Durante a madrugada desta terça, havia um pequeno grupo na calçada e outro caminhando na Rua Helvétia, um dos pontos da Cracolândia. Já na Alameda Glete, próximo ao Terminal Princesa Isabel, havia mais usuários de droga, mas nada próximo do tão conhecido "fluxo".
Nunes disse à TV Globo que "ainda está tentando entender o episódio" e que "não dá para dizer que está resolvido" o problema da Cracolândia.
"Surpreendeu a prefeitura. Mas, obviamente, a gente já vinha reduzindo gradativamente. Todos os dias vinha reduzindo a quantidade de pessoas lá. As pessoas indo para tratamento, voltando para os seus estados, as pessoas aceitando a internação", explicou o prefeito.
Já o vice-prefeito, Coronel Mello Araújo, comemorou a diminuição do fluxo e parabenizou a ação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e demais forças de segurança.
Nunes se diz surpreso com o 'sumiço' do fluxo na Rua dos Protestantes.
Montagem g1/Reprodução/TV Globo
A ONG Craco Resiste afirma que houve truculência contra os usuários de drogas. "Os relatos colhidos indicam que houve uma orientação para que a Guarda Civil Metropolitana aumentasse a violência das abordagens", diz a entidade.
Segundo a ONG, "as pessoas ouvidas afirmam categoricamente que os guardas passaram a bater mais no rosto e na cabeça das pessoas, para além das outras agressões já cotidianas na região, com uso de spray de pimenta e apropriação de pertences pessoais, como roupas e dinheiro".
Para Nunes, as operações do governo estadual e da prefeitura de combate ao tráfico de drogas na Favela do Moinho, incluindo a prisão do traficante "Léo do Moinho", responsável por abastecer a Cracolândia, também tiveram influência na redução do fluxo dos usuários.
"Sem a droga presente, você tem uma facilidade maior de convencer as pessoas a irem para tratamento. Ontem, a gente tinha 60 pessoas que procuraram tratamento voluntariamente. A gente tem tido sucesso em convencer as pessoas."
O prefeito disse que o tráfico de drogas, antes concentrado no Centro, está procurando migrar para outros lugares. Ele não mencionou quais regiões seriam.
Segundo a prefeitura, entre janeiro e março de 2025, foram registradas mais de 29 mil abordagens de agentes e 7.500 encaminhamentos para serviços e equipamentos municipais.
A Cracolândia é um problema antigo da cidade que envolve questões de saúde, segurança pública e assistência social.
Ao longo dos anos, houve diversas tentativas do poder público de ajudar os usuários e combater o tráfico, mas nenhuma de fato resolveu a situação.
Ruas vazias na região da Cracolândia
Reprodução/TV Globo